terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA

Através do desenvolvimento da teoria de Freud,nomeada de psicanálise tem-se um ponto de partida a uma abordagem que abre margens para diversas aplicações uma vez que epistemologicamente trata-se de um processo que nasce da clínica e, vai se moldando com o passar dos tempos pelas investigações do próprio autor.Freud foi dando aos poucos fundamentos metrodológicos que serviram para que outros teóricos atribuissem também mediante leitura de sua obra e, sobretudo, da prática com seus pacientes e ainda das mudanças sociais que promoveram mudanças nas formas de aparição de sintomas diferenciados que demandavam uma escuta e uma estratégia que dessem conta de como intervir congruentemente com os cenários em que os mesmos foram emergindo.

Para Freud era o todo a ser trabalhado e não apenas a mudança de sintomas ou cura das mesmas pelo fato de acreditar que a análise era um processo contínuo de fazer o inconsciente trabalhar,sinalizando as questões subjacentes através do processo transferencial onde o paciente à medida que iria progredindo na análise a transferência se fortalecia de tal forma que culminava aos poucos com o declínio da mesma,en uma longa trajetória de várias sessõpes por semana(5 vezes por semana,encontros de 50 minutos).Essas sessões eram baseadas sempre nos conteúdos que o paciente trazia sem nenhuma interferência do analista...Deixar vir a mente e falar mesmo que não parecia ter sentido para o paciente era a mola mestra do processo análitico e a interpretação de conteúdos sempre no momento certo,de modo a que o analista com base na escuta pudesse levar o cliente a entrar em contato com seus conflitos internos através de um processo cada vez mais regressivo,deixando vir a tona sua historicidade pessoal reagindo a transferência com base em técnicas de acordo com a patologia apresentada(Histeria,neurose obsessiva,perversão ou psicose).A condução da análise tinha por parâmetro o tipo de patologia apresentada.

O divã,resquício da época da hipnose manteve-se no sentido de facilitar o processo regressivo e o analista ficar atrás do paciente,sem que este pudesse ver sua fisionomia era uma forma de evitar interferências e encorajar a transferência,um grau necessário de neutralidade na medida certa para que o processo pudesse lograr êxito.No processo analítico após as entrevistas preliminares em que o cliente ainda não deita no divã é um modo de avaliar questões que permitam assertivamente definir a entrada ou não na análise uma vez que nem todas as pessoas segundo o mestre,fundador da psicanálise,eram passíveis de submeterem à análise.

A escuta do insconsciente era o objetivo fundamental para que se pudesse interpretar as questões surgidas provocadas pela transferência(Uma neurose artificial criada durante o processo para dar conta do tratamento do paciente).

Vários foram os teóricos que com base nos pressupostos da teoria psicanalítica deram segmento a técnicas diferenciadas mas fundamentadas na teoria psicanalítica mesmo embora distanciando-se de alguns pontos que para Freud eram essenciais.Existiram diversos discípulos que divergiram do mestre e outros ainda mantendo o nome de psicanálise criaram,mediante suas investigações elementos novos que acrescentaram à teoria e à prática clínica.

Hoje no cenário atual temos várias orientações em psicanálise e novas investigações que levaram diversos clínicos e teóricos a criarem ferramentas distintas ainda levando o nome de psicanálise.Compreender Freud é ,sobretudo,ler a sua obra e inerpretá-la e muitas vezes interpelá-la no sentido de buscar o que o mestre queria dizer com os dois substrados deixados como legado:seus casos clínicos,a condução dos mesmos e sua teoria,assim como os pontos teóricos deixados para trás e substituídos por novas descobertas que o mestre apontava,pois não tinha nenhum acanhamento em assumir que havia se equivocado em certos pontos de sua trajetória de fundamentação da psicanálise como um processo clínico.

Transferência,Pulsão de morte x pulsão de vida,regressão,Lapsos,xistes,amnésias,silêncios durante o processo clínico por parte do cliente,junções de palavras significativas ao querer falar sobre algo,eliminação de letras na hora de falar,rejeição do que havia dito após falado(não reconhecendo que quisera falar tal coisa)assim como reações impulsivas,agressivas,superafetivas ou apáticas frente algumas interpretações,assim como a contra-transferencia e palavras ambivalentes e a própria regressão eram os instrumentos pelos quais a análise fazia andar.Para Freud o mais importante não era a mudança de comportamento ou eliminação brusca de um sintoma mas,sim a escuta do insconciente e a interpretação pelo viés da transferência;a condução desta(transferência) era ,por assim dizer, a condução da cura não do sintoma mas da reestruturação das instâncias psiquicas mediante insights provocados pela interpretação do analista no analisando.Tudo que o cliente trazia em cada sessão era passível de escuta e interpretação,em um processo investigativo constante dos conteúdos trazidos pelo paciente em análise,pois a transferência segundo o mestre era o instrumento que promovia ou ,melhor dizendo, provocava a que o inconsciente se pronuncia-se na sessão com uma lógica própria que a ele( O inconsciete tinha sentido) e é justamente a descoberta da lógica do inconciente que fez com que brotasse uma teoria que desse suporte eficaz à teoria desenvolvida por Freud denomida por ele de psicanálise,uma lógica não cartesiana mas uma lógica outra,que se refere ao analisando e sua relação com a realidade,fantasia e suas crenças oriundas do passado e que muitas vezes eram o ponto nevralgico de muitas dos traumas persistentes na vida adulta.Na psicanálise a ESCUTA é fundamental e essa ESCUTA é nada mais nada menos a escuta do inconsciente que só é possível quando o analista tem(desenvolve)Uma atenção flutuante,sem se ater a um aspecto específico da fala do paciente,sem se envolver,sem fixar-se em um a situação trazida mas deixar desfilar e emergir os conteúdos subjacentes e inconscientes do analisando.
O Processo psicanalítico na época contemporânea aponta para o futuro,mesmo que o reenvio das questões trazidas passe pelos dizeres passados,visando marcar o presente com algo da ordem significante(ordem do um para o mestre Lacan).É nese um,Significante que nasce tanto o retorno dos dizeres passados virtuais quanto os dizeres futuros que estão na orla virtual para serem laçados e ocuparem o lugar do um(Significante 1).O dito é da ordem do presentificar e pode e até mesmo permite que mediante o deslizar dos significantes surja e emerja sem ensaios um significante que realce luz sobre o futuro e crie rupturas com o adoecer,com o sofrimento e evidencie que o viver é da ordem simples e complexa do HAVER,onde o analisando dá seu sentido à sua própria existência por meio de um vislumbrar um nada,mas um nada que confere sentido de desejo contínuo que nunca cessa mas que sempre traz a possibilidade de ressignificações,construtivas onde a inovação estará à frente apontando para o futuro e fazendo viradas surpreendentes;Pois é justamente essa virada surpreendente saudável que fara com que o analisando se desaliene ,modestamente é claro,após um período de isolamento de si mesmo,para que os ditos pudessem surgir.É justamente nesse ponto que algo nasce de surpreendente 'Cura':um novo olhar sobre a vida mediante um susto,um susto irreverente e silencioso(Um paradoxo verdadeiro"aqilo que é inefável,por mais que busque se explicar falta,falta irresistivelmente sempre algo e sempre faltará mas agora diferente...assumindo essa falata e trazendo um modo de lidar com a mesma sem precisar adoecer,embora um pouco de padecimento sempre existirá,sobretudo, à medida de um processo que nessa virada do tratamento traz uma nova luz significante de lidar com esse obscuro objeto do desejo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário